O Lucas já estava no momento em que sentia o desejo de ter um irmão ou uma irmã.
Ele não tinha muita certeza de qual sexo preferia, tudo dependia do humor dele no dia em que fizessem a pergunta: "E aí Luquinhas, você quer que seja um irmão ou uma irmãzinha?"
Isso me aliviava, pois sabia que ele ficaria muito feliz, independente do que viesse.
Ele ficou bem ansioso durante a gravidez, cuidou muito de mim.
Queria me servir sempre que era possível, me lembrava do creme e dos meus remédios,
tentava me agradar a todo custo, rs
Eu passei mal só durante o terceiro mês, e era engraçado quando ele ficava aflito de me ver vomitar, enjoada, e dizia que eu tinha que ir ao médico para tirar o bebê da minha barriga,
porque ter ele lá dentro não estava me fazendo muito bem não haha
Era difícil para ele entender o porque de tanto tempo para o bebê chegar.
Ele conversava com a barriga, beijava, banhava, abraçava.
Eu imaginava que se existisse alguma situação de ciúmes ou carência, seria mais em relação ao Tchelo do que da bebe comigo. Dito e feito!
No final da gravidez o Lucas começou a grudar MUITO no Tchelo,
ele não queria saber de mim para nada, tudo quem tinha que fazer era o Tchelo que ele chamava.
Começou com uns papos de que o sobrenome Coffani não combinaria com uma menina,
começou a perguntar porque a Flora seria filha dele, se ele não era.
Começou a surgir uma insegurança do tipo,
"O Tchelo não tinha filho, agora ele vai ter, o que vai acontecer comigo?"
Na semana que a Flora iria nascer, ele começou a ficar muito apreensivo.
Dois dias me ligaram da escola dizendo que o Lucas estava reclamando de dor de cabeça a mau estar,
eu ia busca-lo, mas quando chegava em casa, ele estava ótimo.
As professoras disseram que ele parecia
estar nervoso, com medo de que pudesse acontecer algo comigo.
Ele foi para a maternidade com a gente no dia, e ficou do lado de fora junto com o resto do pessoal para assistir a chegada da irmãzinha.
Foi tão lindo, o Tchelo levou a bebe até ele no vidro, os olhos do pequeno encheram de lágrima de emoção.
Quando cheguei no quarto, a primeira pergunta dele foi:
"Mãe, como você não morreu se sua barriga estava toda aberta?"hahaha
Na semana em que eu me recuperava da cesárea, senti ele mais carente, afinal, eu estava exausta, com dores, a amamentação no início não é nada fácil, fora o sono picado, consequentemente não estava conseguindo lhe dar muita atenção.
Ele acabava ficando mais quietinho, pedia sempre para dormir na casa da avó, e estava um pouco mais frio com o Tchelo.
Depois de uns dias o comportamento mudou totalmente. Começou a ficar extremamente meloso e tentando "puxar nosso saco"a todo custo.
Em nenhum momento tratou mal a Flora, ou a culpou de algo. Mas notei que estava tratando eu e o Tchelo dessa maneira grudenta pois achava que assim nós iríamos amá-lo mais.
Sem perceber, acabamos elogiando o novo bebê demasiadamente.
O tempo todo beijando, agarrando e dizendo o quanto é linda, fofa e fazendo cara de babões, e acredito que ele estava tentando fazer com que agíssemos com ele da mesma forma que com ela.
Ainda bem que logo diagnosticamos isso e demos um jeito de corrigir.
As coisas logo voltaram ao normal, o Lucas voltou a ser o super amigo do Tchelo, mas sem melação exagerada para conseguir atenção e carinho, e comigo também, que agora recuperada da cirurgia e mais acostumada com a nova rotina, consigo me doar muito mais a ele junto com a Flora <3
Eu incluo ele em tudo que é possível. Já deu banhos, trocou fraldas,
sempre me ajuda a olhar ela, dou a ele a missão de faze-la rir algumas vezes quando ela chora.
Assistem tv juntos, a coloco na cama dele de manhã quando acorda.
Costumamos levar ela para passear de carrinho de manhã, e nessa hora sempre invento algo para "caçar" com ele na rua, para que o passeio seja dele também.
Na parte da manhã acabo ficando mais atarefada, pois faço a lição com ele todos os dias, de manhã não deixo usar a TV, celular, nada de internet. Só está liberado o youtube se for para a gente dançar.
Como na parte da manhã eu tenho mais energia, levo ele para o quintal, seja para usar tinta, brincar com os dinossauros, jogar bola ou qualquer outro brinquedo. Quando está mais frio, o jogo da memória é sempre o favorito, e quando enjoamos, partimos para o lego, massinha ou jogos de tabuleiro.
Daí vem o banho, o almoço e preparamos juntos a lancheira.
Agora ele está na natação, mas os dias variam dependendo da minha correria.
Às vezes vai a noite, outras vezes de manhã.
Quando ele chega da escola, já que a noite eu tenho muito menos pique, libero a tv e o video game.
Aproveito para dar banho na Flora, janta para todo mundo, e fico mais de boa, afinal, nunca sei quando vou dormir bem a noite ou não, rs
A Flora já está com 3 meses e meio, e posso dizer que não existe nada mais maravilhoso do que ver seus filhos juntos. Ver o quanto ele quer ser responsável por ela, o quanto ele quer ensina la a fazer as coisas, e a carinha dele de orgulho toda vez que ela sorri pra ele.
Ele nunca sai ou entra em casa sem dar um beijinho nela.
Eu achei que já amava infinitamente, descobri que é possível amar ainda mais.
Gente, é surreal isso <3 Sou extremamente grata pelos meus filhos, por ter escolhido isso para a minha vida, que hoje tem total sentido.